Deboche

Com o Congresso Nacional cheio de elementos da direita golpista, é presumível que as votações mais sensíveis convocadas por seus presidentes, ambos do mesmo espectro político, tenham resultados programados, por mais absurdos que sejam, para inflar o animus beligerantis dessa patota. Esta semana, a ala de maçãs podres da Câmara disse claramente a que veio. Continue lendo “Deboche”

Flávio Bolsonaro, herdeiro sem herança

Um episódio da Segunda Guerra Mundial serve como ilustração para entender a candidatura de Flávio Bolsonaro e sua unção como sucessor do próprio pai. Quando a Alemanha invadiu a Polônia, a Inglaterra e a França declararam guerra a Hitler, mas as forças beligerantes não trocaram um só tiro até a invasão francesa. Esse período de mais de um ano entrou para a história como a “guerra de mentirinha”. A candidatura de Flávio nasce com essa suspeita: é de mentirinha. O próprio “candidato”, como um mau ator, desnudou o véu em menos de 48 horas ao insinuar que poderia desistir da disputa pela Presidência, mas que isso “tinha um preço”. Continue lendo “Flávio Bolsonaro, herdeiro sem herança”

Os maiorais

A Constituição de 1988 diz que todos são iguais perante a lei. Mas o Congresso Nacional, por maioria, pensa diferente. O mandamento supremo vale somente para os comuns mortais, que acreditam em histórias da Carochinha. Para os maiorais, a lei é outra.  Continue lendo “Os maiorais”

O ungido

Não sei, não. Mas desde o primeiro momento acho que o 01 está mentindo. Não seria uma novidade! Acho que o 00 disse a ele, no cantinho do xadrez, bem baixinho, só pra ele ouvir, numa confidência de quem vai ficar fora do ar por 27 anos, que ele é d’agora em diante o cabeça da famiglia. Nada más. 

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Melhor para Tarcísio

Auto-anunciado como ungido pelo pai, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) conseguiu agitar a sexta-feira com o lançamento de sua candidatura à Presidência da República. Deixou a direita perplexa, irritou aliados de peso como o pastor Silas Malafaia, derrubou a Bolsa, acelerou o dólar, e até antecipou comemorações entre lulistas. O ato extemporâneo do zero um repôs o nome Bolsonaro no jogo e, ainda que à primeira vista não pareça, fez multiplicar as chances do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Continue lendo “Melhor para Tarcísio”

Chega de Mimimi!

Os filhos de Jair Bolsonaro têm se manifestado nas redes sociais afirmando que é um absurdo deixarem o pai preso numa cela de 12 metros quadrados.

Quanto mimimi, gente! Tão querendo o quê? Que a PF faça um puxadinho para ele poder juntar seu gado pra contar como está sendo injustiçado, pagando por crimes que não cometeu? (E o gado acreditando.) Continue lendo “Chega de Mimimi!”

Água fria

Bem que o Gilmar avisou, mas o Alcolumbre não deu bola. O ministro do STF cantou há algum tempo a pedrinha de que antes do fim do ano ia decidir duas ADPFs que questionavam se a lei do impeachment de 1950 estava valendo, apesar de não estar alinhada com a Constituição de 1988.   Continue lendo “Água fria”

Quem diria

Micheque, quem diria, detonou a aliança que o marido e os enteados tricotavam com o arqui-inimigo Ciro Gomes para o governo do Ceará no ano que vem. Acionou os manetes do detonador alegando princípios éticos e morais — vejam só!  Continue lendo “Quem diria”

Governabilidade por um fio

Lula deveria refletir sobre os presidentes que entraram em rota de colisão com o Legislativo. A história é clara: governos em minoria que apostaram no confronto se deram mal. Jango em 1964 e os impeachments de Collor e Dilma ilustram como a governabilidade se desmancha quando o Executivo perde capacidade de negociação. Em democracias, correlação de forças se altera por entendimento. Quem esquece isso paga caro. Continue lendo “Governabilidade por um fio”

Esculhambação geral

Foragido desde setembro, dias antes de sua condenação a 16 anos e um mês pela trama golpista, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) protagonizou uma fuga espetacular, provavelmente terrestre, pela Guiana, e de lá para Miami. Seus passaportes, tanto o comum quanto o diplomático, já estavam cancelados, mas ele não esbarrou em dificuldades para sair do Brasil, tampouco para entrar nos Estados Unidos. Tirou licença-saúde válida até 12 de dezembro, continua recebendo seu salário régio e ainda cobrou ressarcimento de gastos com gasolina. Nada que provoque espanto à esculhambação geral endossada e até estimulada pela Câmara dos Deputados, permissiva ao extremo com os seus fora da lei de estimação.

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Marmitas

Uma marmita especial tem licença especial. No caso, a permissão é do Xandão — que eles chamam de cruel — e visa passar pela porta da sede da Polícia Federal em Brasília a comidinha caseira do mais novo hóspede da instituição. 

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Papudinha

E afinal foi só um para a Papuda. E civil. E assim mesmo nem é a Papuda, mas a Papudinha, assim chamado o quartel do batalhão da PM que guarda o complexo penitenciário de Brasília e também serve de prisão para policiais condenados.  Continue lendo “Papudinha”

Bolsonaro e o erro como método

Se uma imagem vale mais do que mil palavras, a que expressa a profunda crise do bolsonarismo é a de Jair Bolsonaro admitindo, de maneira curta e grossa, que violou sua tornozeleira eletrônica: “meti ferro nisso aí”. A cena resume uma sucessão de erros de um líder que age por impulso, sem medir consequências. Paciência estratégica lhe falta, e por isso acumulou derrotas, dilapidando seu próprio capital político. Continue lendo “Bolsonaro e o erro como método”

Velório

Viram como Micheque chegou para ver o marido? De preto da cabeça aos pés e grandes óculos escuros cobrindo metade da bela faccia. Só faltou um véu de missa, aqueles curtinhos de renda preta, atrás dos quais as mocinhas se escondiam para não roubar a concentração dos mocinhos e mesmo outros de idade mais avançada, dentro da igreja, na cara do padre ou do pastor. 

Deu um sorrisinho maroto para os fotógrafos e entrou. 

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Ornella

Ornella Vanoni talvez seja o melhor exemplo de como a música italiana e a música brasileira se dão bem, se trocam agrados, se interpenetram – se amam, enfim. Continue lendo “Ornella”